7 de novembro de 2010

Cambuci

O especial colaborador semanal desse Blog, professor Gil Felippe, presenteia nesse final de semana os moradores do bairro, com um ótimo texto sobre o Cambuci, fruto que aliás eu não conheço ao vivo...


Família MYRTACEAE, dicot. (129 gêneros e 4620 espécies).
A família Myrtaceae é tropical e subtropical, apresentando dois grandes centros de dispersão: nas Américas e na Austrália. Suas espécies são árvores e arbustos, com flores hermafroditas. As espécies desta família são utilizadas para madeira, para produção de frutas, para óleos medicinais e aromáticos, e muitas como ornamentais Uma espécie européia típica das Myrtaceae é a murta, Myrtus communis. De acordo com a mitologia grega, este arbusto era originalmente uma das sacerdotisas favoritas de Afrodite. Para impedir que um admirador fogoso levasse sua sacerdotisa, Afrodite a transformou na murta, assim ela ficaria sempre ao seu lado. Freqüentemente Afrodite era representada com uma grinalda de murta. O cravo-da-índia e o eucalipto são espécies muito conhecidas da família Myrtaceae.


CAMBUCI
É uma árvore frutífera atraente que tem tudo para ser usada como ornamental. A fruta do cambuci tem uma forma muito peculiar. É ovóide-romboidal, com uma crista horizontal, mais ou menos na região do equador da fruta, que a divide em duas partes: lembra a forma de um disco voador ou uma urna ou pote de água dos índios. É por esta razão que se acredita que o nome cambuci vem da palavra tupi-guarani para pote de água. O cambuci é uma árvore em perigo de extinção, que era muito freqüente na cidade de São Paulo, como no Largo do Cambuci. Devido a sua presença bastante comum e em sua homenagem é que foi dado o nome de Cambuci ao conhecido bairro da cidade de São Paulo. Parece que não há nenhum pé de cambuci naquele bairro hoje em dia. Mas, como cambuci também significa pote, pode ser que o nome do bairro tenha essa origem. Afinal o Largo do Cambuci já foi chamado de Largo do Pote (Levino Ponciano, 2001. Bairros paulistanos de A a Z. Editora Senac, São Paulo, p. 39). De acordo com a Sociedade de Preservação e Resgate de Paranapicacaba (SPR - Paranapiacaba) em Paranapiacaba, no caminho para a estação ferroviária, há um velho pé-de-cambuci, apelidado de pau-de-missa. Nos tempos antigos, como ficava em local de passagem de todo mundo, servia como painel improvisado para recados e avisos. As pessoas colocavam em seu tronco grosso seus bilhetes e avisos de missa, enterro, casamentos, festas. E todos que por lá passavam liam as mensagens. Há várias árvores de cambuci na área do Jardim Botânico de São Paulo. A Instituição prepara mudas desta espécie para venda para quem tiver interesse. No início de carreira, o Dr Válio da Universidade Estadual de Campinas, trabalhou por um curto tempo no Jardim Botânico com o taxonomista Oswaldo Handro. Foi o O. Handro quem apresentou os pés-de-cambuci frutificando para o jovem Ivany Válio. Logo o Válio estava preparando cachaça com cambuci, que sempre oferecia aos amigos que o visitavam (em sua casa, não no trabalho!). Era um sucesso sua cachaça com cambuci! As frutas de cambuci têm um perfume intenso adocicado, mas de sabor bastante ácido como o limão. As frutas são muito apreciadas pelas pessoas que possuem esta frutífera em seus pomares e das frutas são feitos geléias, sorvetes, sucos, licores, maceração em bebidas alcoólicas como pinga. É apreciada também ao natural, mesmo sendo ácida. Nos tempos coloniais era feita uma infusão alcoólica em pinga das frutas do cambuci ou de uma mistura de cambuci e uvaia, a infusão ficando com aroma e paladar muito interessantes. Os pássaros são grandes apreciadores do cambuci e são responsáveis pela disseminação da espécie. As frutas não são encontradas no comércio. No passado a madeira da árvore era usada em marcenaria.

GELÉIA DE CAMBUCI
            A receita é da Izilda Maria Siqueira Barbosa, lá do Jardim Botânico de São Paulo. A Izilda é responsável pelo preparo e vendas de mudas de cambuci ali no Jardim Botânico. A geléia é um bocadinho ácida, de uma linda cor dourada. Ótima para passar no pão amanteigado no café da manhã. É uma boa maneira de começar o dia.

1 copo de polpa de cambuci
1 copo de açúcar
Tirar a casca do cambuci e remover as sementes. Medir quantos copos de polpa são  obtidos. Para cada copo de polpa, usar um copo de açúcar.  Levar ao fogo e mexer com colher de pau por cerca de 30 minutos.
Campomanesia phaea (O. Berg) Landrum (Paivaea langsdorffii é agora considerada um sinônimo) é o cambuci. É uma árvore semi-decídua, com até 8 metros de altura, originária do Brasil, na verdade da Mata Atlântica na vertente da Serra do Mar que dá para o planalto da cidade de São Paulo e do próprio planalto. É rara em áreas de Minas Gerais. A copa é quase piramidal, o tronco com casca que descama muito. As folhas são elípticas e alcançam dez centímetros de comprimento. A floração ocorre de agosto a novembro e as flores hermafroditas são isoladas, pequenas e brancas. A frutificação vai de fevereiro a abril. O fruto, com forma característica, é uma baga com seis centímetros de diâmetro, com casca fina verde-amarelada e polpa aquosa. O fruto contém várias sementes, com viabilidade curta em armazenamento. Quando maduro é muito mole, partindo-se quando cai ao solo. A propagação é por sementes, a germinação ocorrendo entre 15 e 30 dias.
Capsicum  baccatum L. var. pendulum, uma espécie da família Solanaceae, é a pimenta-cambuci, pimenta-godê ou chapéu-de-frade, que muita gente chama de cambuci e lembra em forma o fruto do cambuci. Ela é verde e se torna vermelha ao amadurecer, com aroma leve e pouco apimentada, sendo usada em saladas e cozidos.

Ilustrações
Maria Cecília Tomasi

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