28 de junho de 2015

A Revisão do Plano Diretor de Botucatu. 3 - Onde a onça bebe água

3º post da série de 4 ( o próximo, com sugestões, sai daqui uns dias! Não percam!) que estamos publicando aqui para contribuir com a reflexão sobre o processo de revisão do Plano Diretor de Botucatu que ora está em pauta. Leiam, reflitam, compartilhem!Abaixo algumas críticas conceituais bem objetivas à revisão que foi apresentada pelo executivo (clique Aqui e depois em "Termo de Referência" para ler) para apreciação da população nos últimos dias.



Onde a onça bebe água...(por Pôla Pazzanese)

Um Plano bem calibrado dá suporte mais eficaz a políticas mais amplas e, quando isso não ocorre, a economia de uma cidade e seu território se desequilibram, isto é, favorecem apenas parcialmente      - ou pior, sobrecarregam – o sustento das pessoas (recursos humanos), dos recursos materiais e recursos naturais.O sistema então se desequilibra sócio-ambientalmente: O eco de "economia" é o mesmo eco de "ecologia", e quer dizer "casa", assim essa casa-cidade-lugar vira um problema de gestão, para si mesma e seus moradores, se suas partes começam a crescer travando qualidades que não só podem se beneficiar mutuamente como melhoram seu sistema de vida inteiro.
 A análise inicial do PDP-2015 vem nos mostrando que, mesmo que haja avanço em alguns pontos, ele é mesmo uma revisão, logo todos os itens do plano proposto que não melhoram (ou até pioram o existente) ou trocam itens por outros que indicam a prevalência de atendimento a interesses estritos de grupos sobre necessidades e possibilidades mais amplas de seus habitantes e seu território, precisam ser muito mais bem discutidos por todos na cidade.
Do ponto de vista urbanístico, olhando a partir do tecido urbano (que é o foco do mercado imobiliário, por exemplo), várias coisas apontam para uma ideia de ocupação e crescimento bastante problemática para a cidade e seu território, e por isso em contradição com o significado de desenvolvimento sustentável:
1- Para que essa visão de crescimento se realize, e o exposto nele não só torna definitivas ações iniciadas recentemente, como indica a ocupação de ainda mais território do município, é preciso condições de crescimento populacional e econômico que não existem mais: A população está reduzindo seu crescimento -está envelhecendo, a natalidade caindo, a educação aumentando-, os fluxos migratórios se invertendo do Sudeste para o Norte/Nordeste/Centro-Oeste do país, a economia de SP está deixando de ser o único motor do país e tendo concorrência de outras regiões, a geração de renda está saindo das grandes e concentradas indústrias (apoiadas por grandes quantidades e fluxos de insumos) para estruturas menores e mais ágeis de serviços e comercio, e novos tipos de indústrias também (apoiadas em conhecimento), e por aí segue.
E, claro, se Botucatu pudesse crescer assim, o mesmo aconteceria com Bauru e proporcionalmente ao tamanho dela, o que significa que quase encostaria aqui - como ocorre com Campinas engolindo tudo à sua volta - e nos tornaríamos um mero anexo de lá. E, com isso ocorrendo, adeus autonomia política, econômica e cultural local.
2- Por causa dessa visão parcial, é baseado no crescimento espacial extensivo, da malha urbana aumentando a porção de território ocupada por terrenos, edificações e ruas da cidade-, enquanto é visível a quantidade de lugares vazios urbanizáveis tanto entre bairros próximos ao centro, ou nas áreas da ferrovia, ou ainda entre bairros da borda da cidade. Esse tipo de crescimento leva Botucatu, por exemplo, perigosamente próxima aos locais de seu suporte ambiental, como as bacias de alimentação e drenagem de águas, ou locais de sua segurança alimentar, como os sítios e fazendas que plantam sua comida local. Para um desenvolvimento realmente sustentável devemos implantar outras soluções para se evitar isso, pois há muitas existentes e já testadas na realidade.
3- É visível também que é um projeto rodoviarista, porque depende demais da construção de grandes vias, prevendo até avenida marginal colada no Rio Lavapés (o mesmo erro de Sampa com
seus rios) e um anel viário levando tráfego por cima de outras bacias de rios e até para as Cuestas... Enquanto a trama urbana atual, com o tratamento correto de sua infraestrutura, é mais do que suficiente para o crescimento adequado porque pode ser concentrada no aproveitamento diversificado de seus muitos vazios e apoiada nos muitos modos de transporte público moderno, permitindo se realizar um desenvolvimento local de tipo contemporâneo, com menos investimento em expansão da malha viária - e sua consequente dispersão de infraestrutura: mais extensão e espalhamento das redes de energia, de iluminação pública, de água e esgoto, de comunicação e dados, transporte público, de segurança pública, de equipamentos e serviços públicos etc..
4- Do exposto acima decorre a ideia de crescer no setor onde a Mal. Rondon encontra a Castelinho, pensando em fazer dali um tipo de fachada da frente da cidade (centro cívico, shopping, condomínios de alto luxo etc., todos perfeitamente ilhados e aonde se chega e se vai só de carro). O que, claro, vai pressionar a região dali à Gastão dal Farra a ser loteada para lhes prover serviços - como já se pode ver hoje. Um velho mecanismo esse: Crescerem áreas mais pobres na esteira da valorização da área mais nobre próxima, como ocorreu na zona Sul de Sampa (de Santo Amaro a Interlagos, uma região que era linda) em relação aos Jardins, Morumbi e Itaim-bibi/Vila Olímpia. Por isso, por exemplo, os 500m2 de divisão propostos numa nova zona (que já é uma subdivisão do atual), e não os 4.000m2 atuais (que seguram a ocupação na dimensão e quantidade corretas para o contexto ambiental dali, como corretamente definido no plano existente), precisamente, também, o mesmo erro que cometeram no entorno das represas Billings, Guarapiranga e Cantareira, os 3 grandes reservatórios de Sampa (quando sabemos hoje que a situação das águas em São Paulo está longe de ser considerada boa).
5- Vai seguir cometendo o mesmo erro de iniciativas em outros governos, onde grupos criaram áreas afastadas que obrigaram a cidade a ir atrás com infraestrutura, deixando muitas áreas vazias entre uma região e outra, esperando uma valorização que nunca chegou e, por isso, desocupadas até hoje (porque no governo seguinte outro grupo fez a mesma coisa, em outro lugar da cidade...). O anel viário, por exemplo, claramente induz ocupação em torno da cidade, criando uma faixa loteável de, pelo menos, 1.000 a 2.000m de cada lado dele (10 a 20 quadras, algo como os loteamentos já lançados na Gastão dal Farra). Se projetarmos essas dimensões onde ele passa, à volta da cidade e indo até a borda da Cuesta, vemos com precisão os vários "vazios" que isso gera. E, na ocupação de alguns vazios existentes, ainda considera o isolamento de locais exclusivos para habitação de interesse social, como se fossem ilhas de pessoas e grupos, em vez de conjuntos com ofertas das diversas necessidades da vida urbana moderna.
6- Ao dividir a cidade em uma "do futuro", indutora de crescimento extensivo, e uma velha, central e, por causa da nova, tendo que correr atrás dos investimentos, cria dois problemas no fluxo econômico e fundiário de uma cidade:
Um de afunilamento do mercado imobiliário, criando gargalos no fluxo do capital urbano. Porque quando se separa a cidade em bolsões exclusivamente ricos e outros exclusivamente pobres, num lugar de tamanho restrito como Botucatu, demora muito mais para quem investiu retornar o investimento (os sucessos iniciais logo esgotam a alternativa) e para o público encontrar lugar adequado às suas necessidades (e não somente às necessidades de marketing...). Nesse quesito os arquitetos e urbanistas da cidade, por exemplo, vivem no seu dia-a-dia o tanto que isso restringe um mercado de trabalho potencialmente grande.
Outro de "exclusivamento" nos investimentos públicos, isto é, o dinheiro colocado num lugar (setor de bairro, região etc.) não serve para o outro porque, seguindo essa lógica, um lugar precisa se manter completamente separado, em tudo, do outro. Essa ideia de mercados e rentabilidade de investimentos, privados e públicos, associados em alguns locais mas excludentes no geral, é contraproducente para o conjunto duma cidade com o tamanho do mercado de Botucatu, pois restringe seu alcance no tempo e no público beneficiado.
6- Finalmente, não apresenta caminhos de como superar as distancias de hoje, nas leis da cidade, entre o que está escrito nelas e as práticas usuais de todos, a começar do poder público. Esse é o principal motivo pelo qual no Brasil leis urbanas tornam-se letra morta, pois não são feitas como construções técnicas para acordos e pactos públicos, baseadas no atendimento de necessidades reconhecidas e acordadas por todos. E daí terminam por vezes restritas a interesses imediatos, nos quais a base técnica, mesmo que exista, é pouco reconhecida como ferramenta de controle e ação integrada, como vemos em muitas cidades brasileiras. Observem que sequer foram feitas, até hoje, várias leis complementares do PDP-2008, que o teriam tornado minimamente efetivo. E assim se abre espaço para que interesses de curto prazo criem problemas de longo prazo:
Sobre este problema, na área ambiental, tem havido manifestações em várias publicações recentes na Internet que valem a pena serem lidas, por virem de pessoal muito qualificado no assunto, e que o explicam muito melhor do que eu poderia neste espaço. Já na parte de patrimônio histórico, mesmo citada no atual e na revisão, um exemplo é o das várias ruas que ainda contam com conjuntos de belas construções do período do café e onde uma delas é derrubada para se construir um desses galpões de 3 paredes e uma cobertura, próprios para um comércio ligeiro do tipo "$1,99" (cujos negócios tem duração no tempo, e na renda do aluguel, também "1,99"...). E com isso desvalorizando não só o potencial de ocupação qualificada que o entorno permitiria como, ao se somarem várias dessas mudanças na mesma rua ao longo do tempo, até a própria região em que estão. O oposto do que vemos, por exemplo, no bairro de Palermo, em Buenos Aires, ou em diversas cidades de Minas Gerais, onde o valor histórico é trabalhado, recuperado e adaptado, arquitetônica e urbanisticamente, como valor de diferenciação nos negócios locais. Na área do turismo, o equivalente disso seria como se as leis seguissem a moda atual do turismo de aventura: Lugares de beleza paisagística ou bucólicos recantos rurais teriam assim estimuladas a sua invasão por veículos e turistas de ocasião, sobrecarregando desde estradas vicinais de uso no escoamento da produção local a sistemas microambientais que não suportam tal uso. Porque este turismo é sempre pensado como turismo de eventos (anúncio>consumo>partida), e não de estância (informação>degustação>estadia), condicionando que, quando passa a moda (porque sempre passam), restam locais destruídos, desvalorizados e esquecidos, e leis sem sentido algum para eles.
Vemos assim como se alimentam alguns dos motores econômicos que empurram as cidades a desperdiçar seu patrimônio histórico e ambiental, perdendo oportunidades excelentes para melhores serviços, negócios, políticas e qualidade de vida. E nem chegamos na ferrovia ainda, não só seu grande patrimônio, mas mais uma excelente oportunidade para Botucatu.
Na última postagem, tentaremos ver algumas propostas para essa e outras potencialidades de Botucatu, algumas locais e já existentes há tempos, para tentarmos evitar aqui o tipo de desenvolvimento urbano que foi o erro de SP, Campinas, Bauru etc., e nos inspirarmos em soluções bem-sucedidas de cidades como Curitiba, Guararema, e até da histórica São João Del Rei, entre outras.

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Pôla Pazzanese, arquiteto urbanista (1981), escritório próprio (1980), arquiteto EDIF-SSO-PMSP (1982/84), professor da disciplina ´projeto arquitetonico´ (1991), um dos fundadores, 1º coordenador pedagógico, professor das disciplinas ´infraestrutura urbana e predial´ e orientador ´TFG´ da faculdade de arquitetura ´escola da cidade´(1996/2008), projetos de arquitetura de interiores, edificações e desenho urbano, nas áreas de habitação, educação, serviços, comércio e patrimonio histórico.

25 de junho de 2015

Revisão do Plano Diretor de Botucatu. 2- Botucatu e as escolhas certas. Ou não.

Este é o segundo de alguns posts que estaremos publicando com o intuito de fomentar a reflexão sobre a atual revisão do Plano Diretor de Botucatu. Sejam bem vindos e pensem junto conosco!


foto: citybrazil.com.br


Botucatu e as escolhas certas. Ou não. (por Pôla Pazzanese)
                                               
Quando uma cidade faz ou revê um Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano ela estabelece a hora mais adequada para construir seus pactos sociais, políticos e econômicos mais amplos, trabalhando os meios de seu desenvolvimento para que convivam em harmonia e estabelecendo os locais e modos em que interesses conflitantes possam ser discutidos para se chegar a soluções negociadas. Sua proposta de Revisão atual não supera sérias contradições existentes entre seus discursos e certas práticas  -algumas recentes- da gestão urbana, que poderiam ser resolvidas num processo mais amplo. O que certamente seria muito melhor para todo mundo em Botucatu, desde a política local, passando pelo mercado imobiliário, pelas instituições da cidade e estado, pelas elites intelectuais, religiosas e econômicas, pelas questões ambientais, chegando a suas cidadãs e cidadãos mais humildes.
Deve ser a ocasião para definirmos todos juntos que lugar é esse em que vivemos, como vivemos nele, o que precisamos para cuidar e melhorar nosso dia-a-dia, e o que esperamos dele como um lugar, onde todos podem ser ouvidos e cada grupo e cada canto da cidade pode ser reconhecido, não só pelas pessoas dali mas por todos os outros habitantes, seus vizinhos. É a hora em que todas as pessoas podem conhecer o que há de melhor, nas melhores técnicas e saberes contemporâneos, que possa ser mobilizado a favor de todos no lugar em que vivem. E podem, também, aprender muito sobre coisas que normalmente são só pouco percebidas no seu dia a dia, mas interferem diretamente nele, suas vivências, lazer e negócios.
Porque todos, sem exceção, sofrerão alguma consequência de um plano pouco desenvolvido e compreendido: Uma situação exemplar e conhecida por muitos frequentadores do Litoral Norte de SP, por exemplo, é a daquelas praias lindas, algumas até "exclusivas" e... poluídas porque as redes de água-esgoto, e seus muitos rios, não dão conta da ocupação desordenada.
Para entender algumas dessas consequências, vamos observar melhor coisas que já ocorrem hoje, entre elas, algumas práticas que serão erroneamente adotadas como modelos ou padrões de desenvolvimento, se o PDP 2015 se realizar com a abordagem que tem hoje. Atualmente, embora haja boa base de dados e pesquisas para embasar o Plano no município, em vários pontos ele não reflete tais informações em suas proposições, pois as mesmas não enfrentam certas contradições já existentes na gestão da cidade.
Por exemplo, começando do centro da cidade, observem o belo espaço público defronte a Catedral, usado hoje para as grandes festas da cidade. Este espaço é o grande centro cívico de Botucatu, completo, com as instituições que configuram, administrativa e simbolicamente, uma cidade: centros religiosos, escolas e instituições públicas, a sede do Governo local etc.. Condição que o que o torna um centro republicano por excelência, belo exemplo de desenho urbano do estabelecimento da República no país, e ainda sustentando todo um grupo de serviços, comércio e habitações ligados a ele e seus usuários. Por isso é o coração (cuore) da cidade e sua vida pública: Acessível para sua população por diversos meios de transporte e até a pé, visível de quase toda ela, e muito querido por todos.
O seu caráter de representatividade institucional está sendo abandonado, administrativa e simbolicamente, por um pretendido novo lugar, distante do centro, pouco visível pela cidade, acessível somente por veículos motorizados, isolado entre estradas. E por isso esse nobilíssimo espaço da Av. Don Lúcio vai sendo desperdiçado, criando usos conflitantes em tipo e tamanho de atividades: A perda de sua dimensão simbólica o deixa a disposição de usos sem os aspectos estruturantes de uma cidade, daí o conflito que todos já acompanhamos, com a perda dia após dia de sua identificação popular e histórica.
O problema nesse centro urbano, capital para a cidade, nos leva assim a 2 outros: Um, à falta de um espaço público digno das grandes festas que a cidade merece, outro, mais importante no contexto aqui, já indo para fora do centro da cidade, a ideia de que o pretendido novo centro cívico, onde já se situa o novo Fórum, contribuirá para o desenvolvimento da cidade naquela direção, "pulando" a rodovia Mal. Rondon.
A ideia de centros cívicos como indutores de desenvolvimento urbano vem dos anos 1950, 60 anos atrás (!), quando ainda não se entendia direito como e porque certos lugares e certas cidades deixam de funcionar. Desde os 1ºs lugares realizados assim, pelo mundo, muito se discutiu e estudou, em pesquisas e levantamentos, constatando-se que esse modelo: a) isola o poder público numa verdadeira ilha urbana, b) onera o investimento público por se distanciar da infraestrutura existente, c) apressa o abandono e degradação de centros antes vivos das cidades, d) elitiza e torna excludentes ou inacessíveis partes grandes de cidades, e) espalha a cidade deixando vazios desvalorizados em muitos lugares dela, entre outras.
Isto fez as grandes, médias e pequenas cidades, atualizadas nas melhores técnicas de gestão urbana, abandonarem esse tipo de plano já nos anos 1960. E as que não o fizeram, como diversas cidades na Espanha que seguiram na esteira de grandes movimentos imobiliários dos anos 1990/2000, ainda hoje sofrem estas consequências desde sempre constatadas.
Estes efeitos ocorrem, no mais das vezes, porque esse tipo de crescimento precisa de muito investimento [público e privado] em infraestrutura para essas novas e distantes áreas, e para isso ocupa plano e verba dos outros lugares das cidades, na expectativa de se equilibrar o atendimento de ambas as demandas a tempo. Mas esses investimentos precisam de um processo específico de crescimento econômico e populacional (e uma continuidade política incomum no Brasil), para se realizar no tempo correto de retorno político, econômico e estratégico. E a cidade não vai ter como arrecadar isso no tempo que pretendem, por causa dos motivos que serão mais bem analisados na próxima postagem.
Na proposta de Revisão do PDP feita agora, inclusive, essa zona da cidade é definida como de expansão urbana, sem zonas de transição e amortecimento (como no plano vigente) em relação à zona definida como de atenção hídrica, do lado dela, na qual ainda está na APA-Botucatu, ou seja: Imagina-se que a expansão da cidade simplesmente irá parar ali, parando nessa borda suas ruas, quadras, casas, comercio etc., para dar lugar à protegidas áreas verdes, como está nas plantas do plano, ou para a ocupação que já vem sendo feita ali, com enormes conjuntos de casas populares, galpões etc.?
E ainda com um anel viário e avenida de pistas duplas como eixos de estrutura viária de acesso mais fácil. Note-se aqui o processo de se transformar uma estrada vicinal, a Gastão dal Farra, numa avenida de acesso e escoamento de tráfego de toda uma região, erro grave de transito similar ao das periferias de Sampa, onde se perde a fluidez da estrada como ligação, e cria-se um verdadeiro funil de fluxo numa via não projetada junto com o sistema viário de seu entorno.
Observo isso nesta área da cidade, que conheço melhor, e nas demais certamente tem gente mais qualificada para observar coisas similares. Precisamos ouvi-las também, nesse processo.
Botucatu tem características que a diferenciam das demais grandes cidades do centro do estado: Do café aos caminhos de tropas e trem, do ensino e pesquisa às indústrias de alta tecnologia, da Cuesta às águas urbanas, um sistema de saúde cobrindo toda a cidade, uma proporção entre tamanho de população e território ocupado perfeitamente adequada, um natureza ainda exuberante e próxima, até o fato de que vem se tornando um polo de irradiação da comida orgânica, e ainda um grupo de pequenas cidades conectadas a ela pelo Polo Cuesta. Muita coisa que pode ser mais bem direcionada pelo conhecimento moderno num plano regional estratégico e ambientalmente adequado.
Temos muita cidade e território ainda por ser mais bem apropriados. E, com isso, vermos como evitamos muitas das causas que normalmente nos levam a empurrar as cidades a, literalmente, devorar seu meio-ambiente.

E porque não bastam apenas boas leis, precisa mesmo é ampliar a Cultura que as cria, e só se amplia cultura se se emprega as ferramentas econômicas adequadas para o que uma análise mais ampla nos permite enxergar de um determinado contexto. Porque é de Economia que se está falando, quando se trata a fundo dessas coisas. Que é só o que importa, ainda e infelizmente...

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Pôla Pazzanese, arquiteto urbanista (1981), escritório próprio (1980), arquiteto EDIF-SSO-PMSP (1982/84), professor da disciplina ´projeto arquitetonico´ (1991), um dos fundadores, 1º coordenador pedagógico, professor das disciplinas ´infraestrutura urbana e predial´ e orientador ´TFG´ da faculdade de arquitetura ´escola da cidade´(1996/2008), projetos de arquitetura de interiores, edificações e desenho urbano, nas áreas de habitação, educação, serviços, comércio e patrimonio histórico.

21 de junho de 2015

Revisão do Plano Diretor de Botucatu. 1-Entrando no assunto.

Este é o primeiro de alguns posts que estaremos publicando com o intuito de fomentar a reflexão sobre a atual revisão do Plano Diretor de Botucatu. Sejam bem vindos e pensem junto conosco!

Foto: de autoria desconhecida
Imagina só se em Botucatu... (por Pôla Pazzanese)                                                                                                          
...a Rua Amando de Barros, a mais movimentada da cidade, pudesse ficar sem carros, com as pessoas a andar sossegadas em calçadas largas e com uns bondes modernos passando pelo meio da rua e parando em abrigos bonitos. E as fachadas dos muitos casarões ainda originais sem os letreiros em cima, bonitas como antigamente (e as outras lojas com tratamento tão digno quanto). Imagine que quem veio longe de carro tem estacionamentos perto, digamos a cada 5 quadras, e os bondes da Amando indo de ponta a ponta, com cada uma delas ligada ao resto da cidade por ônibus frequentes. Como se faz, por exemplo, em muitas cidades europeias.
Ou as margens dos rios, uns 10 km deles que passam dentro da cidade, arrumadas, com passeios para gente, bicicletas, cheias de equipamentos de ginástica e lazer, com os quintais das casas abertos para esse jardim lindo, várias delas com comércios aproveitando o movimento. Imagine que essas margens, suas árvores, nascentes etc., são ligadas por ruas arborizadas aos bairros em volta. E onde dá até para pescar, de tão limpos e cuidados os rios. Como se faz, por exemplo, em Kyoto e várias cidades do Japão.
Ou também que uma das mais originais características de Botucatu, sua Educação e Cultura, tornou-se base importante de seu desenvolvimento econômico, abrigando gente do Brasil e do mundo para estudar em seus campi, centros de pesquisa, seus museus, e até sua natureza. Quase como, por exemplo, Heidelberg, na Alemanha, que tem a mesma população que Botucatu e uma paisagem tão legal quanto.
Imagine então que a cidade prefira crescer para dentro (qualidade de vida), em vez de para fora (quantidade de problemas), preferindo melhorar todos os seus bairros com mais transporte público, serviços, comercio, educação, cultura, comida, vegetação. E tem a inteligência de crescer concentrada e bem distribuída, sem cometer o erro de Sampa, colando os prédios altos uns nos outros (aqui já tem essa inteligência de poucos prédios altos por cada quadra), ou Bauru e Campinas, que espalharam sua periferia pela região com loteamentos/condomínios cada vez mais longe de tudo.
E que Botucatu, com as suas freguesias rurais, adequadas com o que há de mais moderno ambientalmente (e com internet, ainda), cria em torno de si um colar de bairros rur-urbanos (que juntam o melhor do rural com o melhor do urbano), completos para se viver, trabalhar, estudar, passear etc., em vez de bairros-dormitório, onde todo mundo tem que sair deles de manhã, só voltando de tarde ou de noite. E ainda tem que sair deles para se divertir e encontrar gente nos fins de semana.
Imagine ainda que Botucatu sabe reconhecer tão bem seu lugar, com sua natureza plena de águas, plantas, pedras e comida, que aprende a investir na sua apropriação econômica, se estabelecendo como um centro de referencia de pesquisa e desenvolvimento para sua preservação e da integração dos frutos desse conhecimento da natureza em seu desenvolvimento, virando o lugar da economia baseada em fontes renováveis, na comida orgânica, na pesquisa em ecologia, na tecnologia ambientalmente adequada. Meio como em Boulder, no Colorado, EUA, que tem o dobro de gente que Botucatu, preza sua Universidade tal e qual, e cuida com carinho do seu meio-ambiente desde os anos 1960.
E tudo isso só melhorando o que a cidade e seu território já tem de bom.

Isso parece ainda muito difícil e distante? A seguir vamos ver que não é tão difícil e distante como parece e como o Plano Diretor de Botucatu, se melhor discutido, pode nos levar muito mais perto disso tudo pensado acima.

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Pôla Pazzanese, arquiteto urbanista (1981), escritório próprio (1980), arquiteto EDIF-SSO-PMSP (1982/84), professor da disciplina ´projeto arquitetonico´ (1991), um dos fundadores, 1º coordenador pedagógico, professor das disciplinas ´infraestrutura urbana e predial´ e orientador ´TFG´ da faculdade de arquitetura ´escola da cidade´(1996/2008), projetos de arquitetura de interiores, edificações e desenho urbano, nas áreas de habitação, educação, serviços, comércio e patrimonio histórico.

Poemas: Intenção - o sutil, sagrado que vem de dentro.



Tempos estes onde o essencial é negligenciado
Onde as relações são banalizadas
E, as palavras, descontextualizadas.

São tempos de dar ouvidos pro coração
Dar real valor a intenção
Ao que é sutil, o sagrado que vem de dentro.

-

Para o dia a dia:

Contemplar

Manejar

Se entregar

Se integrar

Não ligar, pois o que tiver de ser será!

Damos graças a vida!
Marcelo Gomes

"Mais puros e atentos nos tornamos canais do infinito"

C. Lacombe

http://www.autumnskyemorrison.com/gallery.html

11 de junho de 2015

4 ANOS DE CSA DEMÉTRIA, VIVA !!!

(Texto e foto: Carlos Lira)



CSA é antes de tudo um desafio. Falar de CSA é falar de uma nova forma, de um novo "mecanismo vivo", de ação consciente. Não se trata, como pode  parecer à primeira vista, de um grupo de consumo ou clube de compras.
Trata-se de criar novas formas de colaboração e participação, rompendo  fronteiras, estreitando laços e linhas de pensamentos que levam a um  desenvolvimento sustentável, justo e solidário.
Na aproximação entre agricultor e consumidor dissolvem-se as indiferenças, o que provoca reflexão e respeito ao trabalho agrícola A relação entre o  trabalho do ser humano e a terra é a mais verdadeira, tudo brota da terra e  tudo volta para ela.
Todos nós somos responsáveis por esta relação, não apenas o agricultor.
Neste "Dia de Campo" e de comemoração dos 4 anos de CSA Demétria, iniciamos  a instalação do novo sistema de irrigação da Horta do Marcelo. Com a nova  bomba já instalada, esticamos as mangueiras sobre o primeiro canteiro.
Resultado de doação feita pelos membros do CSA, este sistema de gotejamento, quando instalado por completo, trará economia de aproximadamente 80% no consumo de água. Esta é a resposta deste Movimento  a  "O quê fazer quanto à crise hídrica?" .
PARABÉNS A TODOS QUE, DIRETA OU INDIRETAMENTE, PARTICIPAM DESTE MOVIMENTO, APOIANDO E USUFRUINDO DESTA COMUNHÃO!!!

10 de junho de 2015

A formação de Botucatu




foto: José Reynaldo (aqui)

Tese de João Piza conta um pouco da nossa história:

"O Estado de São Paulo centraliza, hoje, a maior e mais complexa rede urbana do hemisfério sul, apresentando uma rica e diversificada gama de formas de urbanização. Os principais estudos sobre a constituição e o desenvolvimento do interior do Estado privilegiaram aspectos dominantes como o ciclo do café, os imigrantes, as ferrovias e, mais recentemente, a industrialização das cidades médias, relegando para segundo plano a heterogeneidade que ocorre na forma de ocupação de um território, mesmo dentro de uma pequena região. O objetivo do estudo no link abaixo foi apresentar as formas de desenvolvimento urbano que ocorreram nas áreas que ficaram à margem do ciclo econômico cafeeiro na região de Botucatu. Nestas áreas, ocorreram formas diferentes de urbanização, raramente estudadas, fruto de um desenvolvimento local lento e influenciado por fatores advindos da vizinhança economicamente dinâmica. Como conclusão e discussão foram apresentadas as formas de urbanização resultantes deste processo e os desafios no planejamento de longo prazo nas áreas estudadas."

8 de junho de 2015

Homenagem a Família Jakob!


Que por essas mãos, outras terras continuem sendo sanadas
Que por esta vontade, outros se somem a força de vocês
Que por este sentir, novos seres iluminados lhes deem as mãos!

Gratidão pelo trabalho e dedicação a nosso querido bairro!