22 de novembro de 2010

Plantas Venenosas

A colaboração dessa semana do Prof Gil Felippe vem do seu  e livro Venenosas – plantas que matam também curam  da Editora Senac.A planta em questão é extremamente comum nos jardins daqui do bairro Demétria.

 
A família Apocynaceae (dicot., 165 gêneros e 1 900 espécies) é principalmente dos trópicos, com algumas espécies presentes na região temperada. Apresenta látex abundante. A maioria das espécies são lianas, sendo poucas as arbóreas e arbustivas, mas há algumas ervas, às vezes suculentas. Muitas espécies são fonte de substâncias de interesse medicinal, como, por exemplo, a estrofantina e a cortisona, extraídas de espécies do gênero Strophanthus, espécies venenosas usadas em pontas de flechas na África.


BOA-NOITE
A boa-noite é conhecida, também, como vinca ou vinca-de-madagascar. É uma erva conhecida no mundo da língua inglesa como “periwinkle of Madagascar” ou “old-maid”. É cultivada pelo mundo afora como planta ornamental anual. É tratada, no máximo, como bienal, pois acaba perdendo a beleza com o avançar da idade. Esta ornamental foi levada da África para o Chelsea Physic Garden, de Londres, que difundiu esta espécie pelo mundo todo. É cultivada em jardineiras, bordaduras ou maciços em canteiros, em vasos, sempre mantida em locais ensolarados.
            As partes aéreas da boa-noite possuem entre 0,2 e 1,0% de alcalóides. São mais de 80, muitos deles tóxicos e mas também úteis ao homem, mas mesmo assim é preciso prudência. As folhas já foram usadas como fumo, devido ao seu poder narcótico. É planta tóxica e alucinógena se ingerida ou usada como fumo, causando envenenamento em animais herbívoros. Para uso em medicina caseira, a espécie é cultivada na Austrália, África, Índia e sul da Europa.
            Foi e é usada mundo afora para tratar uma infinidade de doenças. Na Europa durante séculos na medicina caseira tratava diabetes. No Havaí a planta era fervida e o material obtido usado para estancar sangramento. Na China era um medicamento para tratar tosse e também utilizado como diurético. Nas Américas Central e do Sul era empregada para tratar resfriados, dor de garganta e problemas respiratórios. Era considerada uma planta mágica, pois os europeus pensavam que podia espantar maus espíritos. É a “violeta dos feiticeiros” dos franceses.
A boa-noite é empregada hoje no tratamento de vários tipos de câncer, propriedades descobertas na década de 50 do século XX, quando foi estudada como tratamento potencial para diabete, pois na Jamaica já vinha sendo usada para substituir a insulina. Quando estudavam esta aplicação, cientistas do Canadá descobriam que os extratos utilizados causavam leucopenia (diminuição do número de leucócitos no sangue) em ratos. Dos alcalóides extraídos, dois demonstraram sucesso no tratamento de câncer: a vincristina e a vinblastina, hoje disponíveis no comércio. A planta é um sucesso atual na procura de drogas naturais para o tratamento de câncer. Extratos da planta são eficazes no tratamento de várias de suas manifestações, como leucemia, câncer de pele, linfático, de mama. Mesmo sob a supervisão de médico durante o tratamento, os produtos derivados da boa-noite produzem efeitos colaterais indesejáveis. Os estudos com a espécie continuam e são realizados em vários centros de pesquisa do mundo.

            Catharanthus roseus (L.) G. Don f. é originária de Madagascar. Hoje é cultivada em várias regiões dos trópicos, sendo tratada, eventualmente, como planta invasora. É um arbusto semi-lenhoso sempre-verde, perene, cultivado como anual. Pode chegar a um metro de altura, mas é bem menor quando tratada como anual. Há cultivares anãs com, no máximo, 30 centímetros de altura. As folhas brilhantes são opostas, com até oito centímetros de comprimento. As flores tubulares, de cinco pétalas, são tipicamente cor-de-rosa com centro roxo, mas há cultivares com flores vermelhas, roxas e brancas. A planta floresce praticamente o ano todo. A espécie possui látex esbranquiçado e tolera calor, tempo seco e até solos pobres. A propagação é feita por sementes ou estacas enraizadas.



Ilustrações
Maria Cecília Tomasi

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