Cerca de 1.000 mulheres do MST e militantes de movimentos sociais do campo e da cidade dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais ocuparam, na manhã desta quinta-feira (5), a empresa FuturaGene Brasil Tecnologia Ltda., da Suzano Papel e Celulose, no município de Itapetininga, em São Paulo.

A ação, que faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas, pretende denunciar os males que uma possível liberação de eucalipto transgênico, a ser votado na manhã desta quinta pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), pode causar ao meio ambiente. O local da ocupação é onde está sendo desenvolvido os testes com o eucalipto transgênico, conhecido como H421.

Nas últimas semanas, diversos especialistas vêm alertando que a liberação comercial dessa variedade interessa apenas à empresa beneficiada por esse processo, a FuturaGene/Suzano.

Segundo eles, o aumento da produtividade em torno de 20% decorrentes do plantio do eucalipto transgênico desconsidera os riscos de possíveis problemas ambientais e de saúde, além da relevância econômica e cultural da produção de mel nacional.
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De acordo com o SEBRAE (2014), a produção de mel hoje no Brasil chega a mais de 40 mil ton/ano, envolvendo 500 mil apicultores, a maioria pequenos produtores da agricultura familiar. O país é o 10º maior produtor mundial de mel e 50% de toda a produção é para exportação.

Como o pólen proveniente dos eucaliptos transgênicos possui o gene inserido artificialmente, qualquer mel produzido em colméias cujas abelhas visitem flores de eucaliptos transgênicos também estará contaminado por material transgênico.

Com isso, a detecção dos transgenes no mel poderá gerar danos socioeconômicos aos apicultores, impedindo-os de rotularem suas produções como orgânicas ou agroecológicas e aumentando o risco de barreiras comerciais para exportação do produto, o que pode representar perdas econômicas significativas para o setor.
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Aumento da crise hídrica

Outro ponto ressaltado por diversos cientistas e acadêmicos é o alto consumo de água dessa espécie. O eucalipto, assim como outras espécies arbóreas, consome mais água durante os primeiros anos de crescimento, e a colheita da nova planta para uso industrial seria feita com cinco anos, e não a partir dos sete, como atualmente ocorre.

Assim, a alta taxa de crescimento da variedade transgênica faz com que o consumo de água dessa nova espécie seja maior, o que pode alterar o balanço hídrico da microbacia na região onde se realizar o plantio.

Se fosse possível fazer um ranking, o caso do eucalipto seria crítico, dada a crise hídrica que o país atravessa. A planta que normalmente já consome 30 litros de água por dia, e já provoca seca no norte do Espírito Santo e sul da Bahia, vai crescer mais rápido e utilizar mais água. 
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Intenso uso de agrotóxico

Não param por aí os problemas causados pelo evento chamado tecnicamente de H421. Além da destruição de toda uma biodiversidade com a substituição por uma única espécie, o eucalipto transgênico exige enormes quantidades de agrotóxicos, responsáveis pela extinção de insetos e animais benéficos como borboletas, besouros, joaninhas, abelhas, anfíbios, tatus, etc. 

Um destes agrotóxicos mais utilizados nas plantações de eucaliptos é o sulfluramida, fortemente cancerígenos e proibido pela Convenção de Estocolmo, subscrita pelo Brasil e por mais de 152 países.

Além disso, os numerosos e graves conflitos existente na disputa pela terra e territórios tendem a se agravar. As comunidades cercadas pela Suzano nos diversos estados onde tem plantações foram destruídas, e estão lutando para garantir sua soberania alimentar e sua permanência em seus territórios.

Diante desses fatos, as mulheres camponesas pedem a retirada de qualquer pedido de liberação comercial do eucalipto transgênico protocolada junto à CTNBio.
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