11 de outubro de 2010

A PITANGA E O JARDIM BOTÂNICO DE PISA

O livro em destaque dessa semana é DO ÉDEN AO ÉDEN – Jardins Botânicos e a aventura das plantas (Gil Felippe e Lílian P. Zaidan- 2008 )

Veja outras colaborações do Prof. Gil Felippe para o Blog na Categoria Livros em destaque.

Campo Santo em Pisa (Foto de Gil Felippe)

A PITANGA E O JARDIM BOTÂNICO DE PISA
Criado em 1543, por Luca Ghini, quando a Toscana era governada pelo grão-duque Cósimo I da casa dos Médici, o Jardim Botânico de Pisa é o mais antigo do mundo. Pertencia à Universidade de mesmo nome, e tinha inicialmente, a função de manter plantas medicinais para os estudantes e professores da faculdade de medicina.

Atualmente sua coleção de árvores e arbustos tem quase 1000 espécies, muitas introduzidas há séculos, como é o caso da pitanga.

Os botânicos do mundo inteiro conhecem a pitanga pelo seu nome latino, Eugenia uniflora L.. O mais interessante é que a primeira pitangueira que os botânicos conheceram não crescia no Brasil, mas no Jardim Botânico de Pisa. Os portugueses levaram a espécie, colhida no Brasil, para Goa, na Índia, onde ela foi bem aclimatada. De Goa, a semente da pitanga foi enviada para o Jardim Botânico de Pisa, onde germinou, dando origem a uma árvore que cresceu muito bem. Botanicamente, ela foi descrita pela primeira vez no Jardim de Pisa. De Pisa, ela foi distribuída pela Europa, e hoje há pitangueiras crescendo na costa do Mediterrâneo na Europa e na África. Há pitangueiras por toda a Riviera Européia.

A pitanga, fruto da pitangueira, é chamada em inglês de “Surinam cherry”, “pitanga” ou “Brazil cherry”. Em espanhol é a “cereza de cayena” , “pitanga” ou “pendanga” e em algumas regiões que falam francês, “cerise à côtes”, “cerise carrée”, “rousaille” ou “cerises-côtes”. Na Argentina e Paraguai é “ñangapiri”. Em algumas regiões do Brasil também é conhecida como ibitanga e pitanguba. A pitangueira é muito ornamental, usada freqüentemente na Flórida com essa finalidade. É uma planta brasileira comum, hoje em dia, nas Filipinas e no sudeste da Ásia. A pitangueira é encontrada em todos os pomares caseiros no interior de São Paulo. As frutas, vermelhas, deliciosas quando comidas ao natural, devem ser colhidas só bem maduras, uma ou duas vezes por dia. Uma boa maneira de apreciá-las é polvilhando as frutas com açúcar antes de colocá-las na geladeira: elas ficam mais doces e exudam um suco muito saboroso. São também apreciadas sob a forma de geléias, sorvetes, saladas, sucos e licores. Faz-se também, com a pitanga, vinho e vinagre. É uma fruta rica em vitamina C: 40mg em 100g de frutas. Cada quilo de pitanga apresenta 10g de proteína, 5g de gorduras e 130g de carboidrato, sendo que 90% da fruta nada mais é que água. O chá das folhas da pitangueira é empregado em medicina caseira no tratamento de gota e dores de estômago.

A pitangueira, Eugenia uniflora L., da família das Mirtáceas, é nativa da Mata Atlântica do Brasil. É encontrada na floresta estacional semidecídua do planalto, desde Minas Gerais até o Rio Grande do Sul. Ocorre também nas restingas. Muitos autores acreditam que do sudeste e do sul do Brasil a espécie se espalhou pelo Brasil inteiro e pela parte tropical das Américas. É uma árvore semidecídua com até oito metros de altura, com tronco tortuoso de casca descamante. As folhas - bastante brilhantes e aromáticas - são róseas, quando bem jovens, e verdes, de tom bem escuro, quando adultas. As flores, muito apreciadas pelas abelhas, são brancas e, muito perfumadas. Aparecem isoladamente ou em grupos de duas ou três na axila das folhas. A floração ocorre de agosto a novembro. O fruto, muito saboroso, é uma baga achatada, com até três centímetros de diâmetro, que apresenta sete a dez sulcos longitudinais e mantém os restos do cálice da flor. A casca do fruto maduro é bem vermelha, com a polpa rosada, aquosa, perfumada, doce, mas levemente ácida. A cor da fruta lhe deu o nome: pitanga quer dizer vermelho, em tupi-guarani. Cada fruto tem uma semente grande ou duas a três sementes pequenas e achatadas. A frutificação ocorre de outubro a janeiro. Há duas variedades de pitanga, uma com fruto vermelho-vivo e outra com fruto vermelho-escuro, quase negro. A propagação é por meio de sementes, com viabilidade de cerca de um mês. A germinação ocorre em três semanas. A propagação também pode ser feita por meio de enxertia. No Brasil, muitas outras espécies são conhecidas como pitanga.

A família das Mirtáceas, da região tropical e da região subtropical, com grandes centros de dispersão na Austrália e nas Américas, tem quase 5000 espécies, distribuídas em cerca de 130 gêneros. Suas espécies são árvores e arbustos, sempre com flores hermafroditas. O cravo-da-índia, o eucalipto, a goiaba, o cambuci, a jabuticaba e a uvaia são todas desta família.

Editora SENAC São Paulo

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