28 de janeiro de 2011

Escola de Pais (5º post do ciclo "Fique por dentro da Pedagogia Waldorf")


Escola de Pais

Por: Pilar Tetilla Manzano Borba(*)

Tive a felicidade de nascer numa família grande. Em casa sempre havia muitas pessoas, muitos hóspedes, muitos tios, primos, padrinhos, avós, amigos. Dormir na sala já era hábito a fim de ceder nosso quarto aos hóspedes.
Ser criada num ambiente tão populoso me proporcionou a convivência com mais velhos e mais novos, me trouxe muitas experiências, entre elas: esperar a vez, ceder, disputar espaço, dividir, ter frustração, raiva, alegria, agradecimento e muitas outras. Hoje nas famílias pequenas essas vivências não são mais favorecidas e temos quase sempre filhos únicos nas salas de aula.
Hoje, por inúmeras razões, as famílias já não são grandes. Os lares já não hospedam tantas pessoas. Os tios, padrinhos e avós já não se frequentam tanto e as trocas de como educar os filhos já não se realiza. Transferiu-se para as escolas tarefas e responsabilidades que antes eram da família.
Portanto uma ESCOLA de PAIS se faz urgente. E, é aqui que me sinto em casa: quando tenho a oportunidade de orientar pais e professores e passar toda minha experiência como membro de uma família grande, como terapeuta de crianças, adolescentes e adultos, como mãe de cinco filhos (dois enteados), tia de vinte sobrinhos, e mais de vinte sobrinhos netos, professora universitária e colaboradora nos seminários de formação em pedagogia Waldorf.
Desde a faculdade aprendi com uma grande mestra que terapeuta, escola e família necessitam sempre dar as mãos se visamos o bem estar integral da criança. Que terapeutas e professores necessitam ter o conhecimento: - do desenvolvimento infantil em todos os seus aspectos físicos, anímicos e espirituais; - das necessidades das crianças; - de quais são suas fases, suas crises e, sobretudo, como agir em cada situação, pois todo aquele conhecimento ‘intuição’ que nos tempos idos nossos avós nos passavam, hoje necessita ser adquirido através da educação e sobretudo da auto-educação.
Os pais estão necessitados e sedentos por orientação. Sabem pouquíssimo sobre o ser da criança e suas reais necessidades. Agem e compram muitas vezes levados por aquilo que a mídia os induz a comprar sem ao menos questionarem se aquele brinquedo, ou aparato qualquer que acabaram de obter tem sentido para a criança. Com quanto ‘lixo educativo’ nos deparamos hoje!
Mas nem tudo está perdido. Movimentos nacionais e internacionais como por exemplo os da Aliança Pela Infância estão pipocando em prol da salvação da infância e da tão criminosa precocidade escolar. Quanto a esse assunto as escolas Waldorf estão anos luz à frente proporcionando uma infância respeitada às crianças da educação infantil principalmente.
Professores e pais necessitam da convivência freqüente para trocar idéias, estudar, questionar, crescer e amadurecerem juntos. Com toda certeza a criança tanto de hoje como do amanhã agradecerá.

(*)Pilar Tetilla Manzano Borba é terapeuta ocupacional, pós-graduada em Antroposofia na Saúde, trabalha com pacientes neurológicos e orienta iniciativas Waldorf , creches, berçários, maternais e jardins de infância públicos e particulares. Contato: pilarborba@gmail.com

2 comentários:

  1. Olá, adorei conhecer o blog, os textos são ótimos, vou ler tudo com calma.

    Cheguei aqui através da Nina Veiga que anda me tentando com a vida Waldorf de Botucatu e fiquei bastante feliz em ver que uma foto minha das minhas bonecas ilustra esse post.

    Obrigado por compartilharem os conhecimentos.

    Abraços
    Fabiana Pereira

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  2. Fabiana:
    Bem vinda,volte sempre.
    Suas bonecas são lindas!

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