1 de fevereiro de 2011

Sob um olhar humano ( 8º post do ciclo "Fique por dentro da Pedagogia Waldorf")


Por:Pilar Tetilla Manzano Borba, terapeuta ocupacional


Quem são os excepcionais?
Qual o conceito de normalidade?
O fato de sermos homens ou mulheres já nos diz que não somos iguais. Nossos cérebros, nossos corpos são diferentes. Diante de um homem a mulher pode ser um excepcional e vice-versa. Devemos então ter a compreensão de que cada pessoa é diferente uma da outra. Portanto não existem pessoas iguais.
Para melhor compreendermos o ser humano nós os dividimos em gênero: homens e mulheres; em idade: crianças, adolescentes, adultos e idosos; em tipos constitucionais: melancólicos, sanguíneos, coléricos e fleumáticos; crianças ricas em fantasia, pobres em fantasias, cósmicas e terrenas; conforme o signo do zodíaco; conforme o horóscopo chinês; de acordo com a nacionalidade, a cultura; etc. Assim, existem milhares de características que compõem um ser humano único. Por isso ele é concebido como uma espécie e não como um reino.
Dentro de todo esse universo de seres humanos existem aqueles portadores de alguma característica que os faz fugir da ‘normalidade’, isto é, ‘destoa’ da maioria. São aqueles que nascem com algum problema (neurológico, físico, mental, síndromes etc), ou adquirem-no durante a vida. Para atuar junto a eles existem profissionais que estudaram e se especializaram. Porém, esses profissionais, quer sejam médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros, nutricionistas, professores de educação especial, auxiliares de enfermagem etc, não podem deixar de lembrar que antes de qualquer ‘título’ ou diagnóstico que possuem, estão todos diante de um ‘ser humano’ que necessita de cuidados especiais. E como ser humano possui sensibilidade, dor, humor, medo, angústia, alegria, ansiedade, e uma infinidade de sentimentos que precisam ser respeitados.
Não podemos nos ater ao ‘rótulo’ que este ser que necessita de cuidados especiais recebeu. Isto só nos ajuda a compreender o motivo que o desviou da ‘normalidade’. Portanto, ao lidarmos com esses indivíduos tão especiais, não podemos jamais nos fixar naquilo que eles não possuem, como a falta de um membro, ou da visão, audição, fala, déficit de inteligência, de coordenação motora etc, mas sim, devemos tentar ‘enxergar’ através de sua alma, a parte sadia, e procurar trabalhar com seus potenciais e suas qualidades, e tentar tirar o máximo proveito delas.
Devemos também lembrar que nem todas as pessoas consideradas ‘normais’ são felizes e valorizam sua ‘normalidade’. Desta forma é comum atendermos ‘especiais’ que também se sentem desvalorizados, sem auto-estima, cabendo a nós ajudá-los a se valorizarem e a tornarem-se indivíduos ativos e participantes na comunidade.
Qualquer que seja nossa profissão, qualquer que seja nossa clientela, devemos desenvolver a capacidade de enxergar a ‘pessoa’ que existe ali dentro daquele corpo. Enxergá-la além de sua limitação, seja ela física, mental ou emocional, porque diante do criador somos todos seres perfeitos e devemos portanto procurar encontrar a beleza e a capacidade interior que existe em cada um em trazê-la para fora, através de um gesto, de um sorriso, de um sinal que demonstre sua participação no mundo.
O primeiro passo para trabalhar com os outros, ajudando-os em suas dificuldades é estar bem com nós mesmos. Como diz a bíblia: amar aos outros como a nós mesmos; fazer aos outros o que queremos que nos façam. Se não nos amamos não podemos amar ao outro e nem ajudá-lo.
Para sermos um bom profissional temos que investir em nós mesmos. A auto-educação é
imprescindível. Somos exemplos diante dos outros e devemos nos auto-educar sempre. Temos de compreender o outro nas suas necessidades e incapacidades e acreditar no seu potencial. Para isso devemos nos aproximar da família compreendendo-a e ajudando-a dentro das nossas possibilidades.
Por sermos seres sociais precisamos promover entre os indivíduos que necessitam de cuidados especiais a socialização e a participação deles na comunidade.
A questão da inclusão permitiu que os excepcionais se mostrassem à sociedade. É de grande valia a convivência deles nas escolas para que as outras crianças se deparem e conheçam a criança ‘diferente’. A criança dita ‘normal’ que tiver a oportunidade em sua vida escolar de conviver com o indivíduo diferente será por toda a sua vida mais tolerante e, a tolerância é o primeiro passo para uma saudável convivência com o outro.
Devemos respeitar cada indivíduo como ele é e aceitar suas diferenças ajudando-o a crescer e a desenvolver seu potencial e amá-lo como seria próprio de um ser humano.

Sugestões bibliográficas:
Um Antropólogo em Marte
Autor: Oliver Sacks, editora Companhia das Letras

Crianças que Necessitam de Cuidados Especiais
Autor: Thomas J. Weihs, editora Antroposófica

Memórias de Vida e Luz
Autor: Jacques Lusseyran, editora Antroposófica

Uma Menina Estranha
Autora Temple Grandin, editora

A História de Minha Vida
Autora Helen Keller, editora Antroposófica

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