21 de fevereiro de 2011

Morcegos invadem Botucatu



Existem em todo o mundo, cerca de 1.200 espécies de morcegos, sendo que no Brasil podem ser encontradas cerca de 150. Entre todas as espécies, aproximadamente 70% são insetívoras, ou seja, alimentam-se de insetos, 20% são frugívoras e nectarívoras, que se alimentam, respectivamente, de frutas e néctar de flores, e 10% são carnívoras, piscívoras ou hematófagas. Estas últimas podem ser de três espécies: duas se alimentam do sangue de aves e apenas uma - Demodus rotundus - se alimenta do sangue de mamíferos, tais como bois, cavalos, porcos, cachorros e até mesmo do homem.
O relevante papel dos morcegos para o ecossistema pode ser constatado com os morcegos frugívoros e nectarívoros, importantes pela manutenção das florestas e pelo reflorestamento de áreas desmatadas, fazendo a polinização e a dispersão de sementes. Os insetívoros são responsáveis pelo controle da população de insetos como mosquitos, besouros, gafanhotos e mariposas, desempenhando função importante no controle de algumas pragas agrícolas.
Os morcegos hematófagos vivem em lugares úmidos, sendo encontrados apenas na América Latina. Durante o dia, abrigam-se em bueiros, cavernas, ocos de árvores, casas e minas abandonadas e pontes, habitualmente longe da luz. Eles saem todas as noites para procurar comida, uma vez que seu corpo não tem reserva de gordura e não sobrevive mais do que 48 horas sem se alimentar.
Para sua caçada, utilizam-se não só da audição e da visão, mas também da termorecepção, que é a capacidade de percepção de calor. Por serem capazes de captar pequenas mudanças na temperatura, podem encontrar e atacar o lugar exato, no corpo da presa, que contenha um vaso sangüíneo mais superficial. Desta maneira, conseguem morder o local sorrateiramente, evitando até mesmo acordar o animal. O morcego morde com os dois dentes incisivos, localizados na frente da boca, fazendo apenas uma ferida, já que os dois dentes atuam juntos para abrir um ferimento de cerca de 0,5 cm de comprimento por 0,3 cm de largura. A mordida é rápida e normalmente indolor. Nos humanos, ao contrário do que dizem as lendas sobre vampiros, estes não atacam a jugular, mas sim as extremidades do corpo. "As partes mais atacadas são os pés, seguidos pela cabeça, os dedos das mãos, os cotovelos e o nariz".
No Estado de São Paulo, as ocorrências de ataques de morcegos a seres humanos são muito raras. Já na região amazônica, elas são mais intensas e, por isso, recomenda-se o uso de mosquiteiros nas redes, a colocação dos animais em locais fechados ou protegidos com rede ou madeira e a manutenção de uma luz de lamparina sempre acesa. Em caso de ataque, a vítima deve lavar o local da mordida com água e sabão e procurar atendimento médico. "Em lugares onde não há criação de animais, os morcegos podem atacar pessoas para se alimentar. Neste caso, deve-se melhorar a segurança dos lares, mantendo as portas e as janelas das casas fechadas durante a noite".

Mesmo depois do ataque, quando o morcego já acabou de se alimentar, a sua saliva, que contém uma substância anticoagulante, faz com que o sangue demore para estancar e continue fluindo. A utilidade farmacológica dessa substância já está sendo estudada. "Talvez ela possa atuar na dissolução dos coágulos que causam a trombose".
Os vampiros são temidos não só pelos ferimentos que podem ocasionar, mas também pela possibilidade de transmissão da raiva, doença transmitida por morcegos contaminados com o vírus. "A única maneira de combater esse mal é a prevenção. Ele não tem cura, portanto, os criadores devem vacinar seus animais, além de solicitar ao serviço público o controle da população do morcego hematófago".
Texto da Rádio UNESP em entrevista com o Dr Wilson Uieda, docente do IB expecialista em Morcegos Hematófagos..

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