6 de abril de 2013

Cães nos condomínios

    Essa discussão me faz lembrar a minha infância. Eu cresci num bairro na periferia de Piracicaba na época, com casas simples. Toda casa tinha um cão, inclusive a minha. Os animais ficavam soltos, passeavam sozinhos, era ótimo, não dava trabalho. O meu cão se chamava Snoopy, era um vira latas porte pequeno, cor de chocolate. Meu vizinho, o Tuco tinha o Xeique, outro vira latas manso, a Cristiane também tinha um vira latas e a Vanessa, o Cristiano, todos tínhamos cães de companhia, companhia das nossas brincadeiras e das nossas vidas.

  Me pergunto, hoje, quem tem esses cães. Se as cercas e portões elétricos são uma ameaça ao social, também a escolha das raças de cães que temos e o propósito para o qual os adquirimos, guardar a casa, igualmente. Cães de guarda são anti sociais por excelência.

   Não vivo mais na Demétria, mas esse assunto me toca porque muitas vezes fomos atacadas, eu e minha filha por cachorros soltos aí e escutei muitas outras histórias de pessoas atacadas, mordidas a até inclusive que correram risco de vida atacadas por matilhas inteiras.

   Andar a pé e permitir que as crianças brinquem livremente nas ruas é um ato que ao meu ver favorece mais o social do que favorecer a socialização canina às custas da segurança dos moradores.

    Quem quer cão de porte grande, cão agressivo, cão de guarda, também precisa entender que a sua escolha implica em uma responsabilidade maior do que a daqueles que preferem as raças mais mansas de companhia. É uma escolha que implica também em privações de espaço e liberdade do animal e talvez mais trabalho para o dono que precisa sair passear com os animais em coleiras, sem falar nos cocos e xixis que se concentram mais em casa e ainda de termos que refletir sobre a sujeira que nosso cão faz ao passear e quem sabe num ato de consciência a jogarmos num mato fora do caminho dos pedestres. 

   Também é bom lembrar que matilhas mesmo sendo de animais mansos podem apresentar perigo, seja para os humanos, seja para a fauna local e no caso de uma grande população como a da Demétria de pessoas na zona rural, fato moderno, pode favorecer a formação de matilhas.

   Parece bem sensato mesmo que cada dono conheça a braveza do seu cão e decida-se livremente se o deixará solto ou não. Mas, por acaso não é isso mesmo o que rege nos condomínios, ou acaso as pessoas que deixam soltos seus cães tem consciência de que alguns deles são agressivos e mesmo assim os soltam, porque os casos de agressão são constantes! Seria muito sensato se todos os donos fossem dignos de confiança, mas não é o caso, como mostra a realidade. Acaso não dizia Rudolf Steiner que precisamos partir da observação da vida...Ora, ela mostra que é insensato confiar na sensatez dos donos de cães da Demétria, porque pessoas e animais são constantemente atacados por cães.

  Quando será que as pessoas vão entender que escolhas implicam em renúncias. Não é possível escolher e desejar liberdade incondicional. Não é isso mesmo que é viver em sociedade. Sermos sociáveis começa pela responsabilidade pelas nossas escolhas.

Denise

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