13 de maio de 2015

Agroecologia: uma ciência em movimento.

Artista: Gildásio Jardim

“Semear a liberdade, auto-gerir, assumir a responsabilidade individual, desconstruir paradigmas e arregaçar as mangas para construir um todo que acolha, respeite e aprenda com a diversidade. Respeitar a liberdade de cada um. Re-significar o olhar acerca de como as coisas podem ser nesse mundo, perceber nossos padrões, escolher e re-existir.”
Rede de grupos de Agroecologia do Brasil/REGA – Carta do VI ENGA

Para fazer contraponto a lógica do agronegócio, baseada na produção em monoculturas, dependência de insumos químicos, alta mecanização, além da concentração da propriedade de terras produtivas e da exploração do trabalhador rural, sempre existiram movimentos que levantaram as bandeiras das ditas 'agricultura alternativas', consolidando com o tempo o movimento agroecológico. Apoiada em princípios e valores que honrem os direitos humanos e ambientais, a agroecologia visa a superação dos atuais paradigmas da produção agrícola, das relações econômicas, das relações de trabalho e das relações do homem para com a natureza e para com ele mesmo, propondo novos meios de se relacionar, produzir, comercializar e educar.

Na abordagem agroecológica a Terra é considerada um grande ser vivo, assim como o solo, e possui resiliência própria promovendo sua homeostase ou auto-regulação. Portanto a agricultura praticada bem como, toda a cadeia produtiva e de distribuição, devem estar de acordo com a saúde do solo, das plantas, dos animais e dos humanos, de forma equilibrada aos ecossistemas naturais. Daí a interface entre a Ecologia e a Agronomia, como áreas do conhecimento, num diálogo equilibrado entre as interações ecológicas e a demanda agrícola da sociedade. Surge então a agroecologia como uma nova área do conhecimento, uma nova ciência com muitos potenciais e desafios.

A agroecologia é considerada uma ciência holística e que estaria apoiada em seis pilares, sendo o político, econômico, social, ambiental/ecológico, ético e cultural. Considera-se uma atividade agroecológica, aquela que consegue enxergar estes pilares como um todo – conferindo a visão holística e o caráter transdisciplinar desta ciência.

Num país com graves sequelas de uma colonização escravagista e latifundiária, há de se ter bem clara a história da agricultura e das relações sociais para se enxergar no todo e construir a agroecologia.

Desta forma, à luz da evolução histórica da agricultura e das políticas agrícola e agrária, busca-se contrapor as lógicas da competição, concentração, centralização e da hierarquia – inerentes ao capitalismo e seu livre mercado – de maneira a promover a emancipação e a autonomia dos seres humanos, de qualquer forma de dominação e opressão, estabelecendo cadeias produtivas solidárias que estejam sob controle da agricultura familiar/camponesa e suas organizações.


Dá-se ênfase ao fortalecimento da agricultura familiar como estratégia para o desenvolvimento rural, baseada na soberania alimentar e na união de saberes e práticas ancestrais com os conhecimentos e métodos da ciência - sem renegar a tecnologia.

O desafio está dado, é preciso pôr as mãos na terra e se abrir para a vontade do mundo.

Marcelo Gomes

Artista: Gildásio Jardim


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