31 de outubro de 2010

ROMÃ

O texto abaixo foi gentilmente cedido pelo professor Gil Fellipe que tem colaborado semanalmente com interessantes posts para o blog ( veja os outros aqui na Categoria Livros em Destaque), e faz parte de seu livro:
No rastro de Afrodite – plantas afrodisíacas e culinária.
Ateliê Editorial e Editora SENAC São Paulo



Família PUNICACEAE (1 gênero e 2 espécies): distribui-se do sudeste da Europa até o Himalaia.
A romã era um dos ornamentos do Arco do Tabernáculo, segundo a Bíblia. O cálice persistente foi a inspiração para a coroa do rei Salomão e para várias casas reais da Europa. Foi a fruta que Páris deu a Afrodite e não a maçã. Conta uma lenda que Prosérpina, filha da deusa da agricultura Ceres, foi raptada por Plutão, que precisava de uma esposa. Ceres, desesperada, pediu ajuda aos outros deuses do Olimpo, que não lhe deram atenção. Como vingança, ela passou a acabar com a produção de alimentos e os homens passaram a morrer de fome. Júpiter percebeu que sem homens não haveria deuses, já que estes só existiam graças à adoração dos humanos. Júpiter pediu a Plutão o retorno de Prosérpina, mas isto só seria possível se ela não tivesse comido nada no reino dos mortos. Mas, ao entrar lá, ela notara um pé de romã, com as sementes brilhando como rubis no fruto entreaberto: ela não resistiu à tentação e comeu seis grãos. Foi feito, então, um acordo entre Ceres e Plutão: Prosérpina passaria seis meses com Plutão e seis meses com a mãe Ceres. O resultado disto foi o aparecimento na terra do inverno (quando Prosérpina fica no reino dos mortos) e o verão, que mostra a alegria de Ceres pela presença da filha. Para os romanos era o símbolo da fertilidade, abundância e afrodisíaco. Do rastro de Afrodite nasceu a romã na ilha de Chipre e era venerada como símbolo dessa deusa, e o fruto maduro representava a vulva dessa deusa e por esta razão passou a ser considerada como afrodisíaco. Dizia-se que esta planta tinha surgido do sangue do deus Dionísio: quem comesse esta fruta estava também se servindo do sangue deste deus sempre levemente bêbedo e sensual. Assim, a planta era associada, tanto a Afrodite como a Dionísio e depois a ser dedicada à Virgem Maria. Sempre foi considerada um afrodisíaco muito potente na antigüidade, na Idade Média e no começo da Idade Moderna. Nos tempos antigos a flor carnosa da romã era o símbolo da vagina. Era feito vinho do fruto e este vinho tinha um efeito estimulante. Quando as sementes são fermentadas obtém-se a grenadina, um licor que também seria afrodisíaco.


SALADA DE FRUTAS COM ROMÃ


1 romã
1 manga, cortada em cubos
1 abacaxi pequeno, cortado em cubos
1 laranja, em gomos
100g de açúcar
30ml de vinho do porto
Colocar em uma tigela as frutas, menos a romã. Ferver o açúcar com 200ml de água e o caroço da manga durante quinze minutos. Retirar o caroço e juntar o vinho-do-porto. Colocar o caldo sobre as frutas picadas. Salpicar com as sementes vermelhas da romã. Colocar na geladeira até a hora de servir.


1Punica granatum L., a romã, o fruto da romãzeira, é a “pomegranate” dos ingleses. Parece ser originária do sul da Ásia e era inicialmente cultivada pelos fenícios. Foi introduzida no Brasil pelos portugueses já na época do povoamento. As flores, em forma de funil, são grandes e solitárias, com pétalas vermelhas e cálice persistente.


Ilustrações
Maria Cecília Tomasi

“No rastro de Afrodite – plantas afrodisíacas e culinária” recebeu o Gourmand World Cookbook Awards em 2004 como melhor livro de história da culinária no Brasil.
“No rastro de Afrodite – plantas afrodisíacas e culinária” recebeu o Gourmand World Cookbook Awards em 2004 como melhor ilustração em um livro de culinária no Brasil.

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