"O Tempo perguntou pro Tempo quanto tempo o Tempo tem. O Tempo respondeu pro Tempo que o Tempo tem tanto o tempo quanto o Tempo o
tempo tem."
Fui convidado de surpresa pra escrever sobre cinema/video para o blog, e vou ser sincero, tenho uma grande dificuldade para escrever. Costumo ser bem eloquente e seguro - as vezes arrogante - ao expor minhas ideias em uma conversa informal, principalmente quando há uma cerveja no meio, porém ao me deparar sozinho com minhas palavras o meu muro rui e minhas ideias se mostram frágeis, e eu vacilo... Ainda tenho que aprender a dialogar comigo mesmo, a duvidar do que penso e poder reafirmar sem entregar as rédeas. Acredito que a escrita pode me ajudar nesse caminho de desenlace. Por isso aceitei o desafio de escrever uma vez por semana aqui neste blog.
tempo tem."
Fui convidado de surpresa pra escrever sobre cinema/video para o blog, e vou ser sincero, tenho uma grande dificuldade para escrever. Costumo ser bem eloquente e seguro - as vezes arrogante - ao expor minhas ideias em uma conversa informal, principalmente quando há uma cerveja no meio, porém ao me deparar sozinho com minhas palavras o meu muro rui e minhas ideias se mostram frágeis, e eu vacilo... Ainda tenho que aprender a dialogar comigo mesmo, a duvidar do que penso e poder reafirmar sem entregar as rédeas. Acredito que a escrita pode me ajudar nesse caminho de desenlace. Por isso aceitei o desafio de escrever uma vez por semana aqui neste blog.
Já venho estudando a sétima arte faz algum tempo e alimento uma relação um tanto romântica com ela. Grande parte das coisas que me interessam hoje em dia se devem a minha aproximação com o cinema. Porém cinema pra mim não são os filmes da locadora ou do Cine Neli, não são os filmes da Nouvelle Vague Francesa ou do Cinema Novo Brasileiro... É uma espécie de eixo ao redor do qual eu vou e volto. No meu caso extrapola as telas. Não é que vivo uma vida de cinema. Mas essa ideia Cinema vai me levando e trazendo de diversos lugares, abrindo portas e janelas para o mundo e obviamente colocando muita pedra no caminho, deixando-o um pouco mais interessante.
Peço desculpas pelo tom pessoal do texto, mas creio que assumindo a primeira voz as ideias e impressões aqui expostas não soarão como verdades absolutas, o que me permite errar e depois me retratar, ou assumir meus paradoxos se for o caso. Desde já estendo o convite ao diálogo a todos que se sintam a vontade para participar através dos comentários.
Vou propor nesse primeiro post uma provocação simples que abarca não só o cinema mas todas as artes do tempo. Não sei se já se perguntaram ou
observaram a nossa reação ante as obras que se prolongam no tempo, que tem o tempo como matéria prima. A dança, o teatro, o cinema para ficar nos
mais clássicos, ou pensando nas video-instalações, nas performances, nos videos de museu ou em propostas mais "arriscadas". Cada uma dessas formas de expressão trabalha o tempo a sua maneira, seja ela ritual ou acidental, mas tem em comum que exigem de quem se dispõe a experimentá-las um pouco de tempo. Estamos dispostos a entregar nosso tempo? A participar da experiência? Ou esperamos ser tomados por algo que nos transporte para outra dimensão onde nos esquecemos do tempo e pouco depois esquecemos o que acabamos de presenciar? Ao entregar nosso tempo sem preconceitos estamos experimentando finalmente a obra de forma ativa. Ser ativo não quer dizer desvendar ou analisar a exaustão uma obra, mas sim se dispor a estar presente no transcurso da obra, vivendo esse tempo como um acontecimento da vida. A experiência transcende o tema e a forma, as vezes não se nota, mas fica sempre latente.
Gosto de pensar o cinema por exemplo como parte da minha vida, ao
contrario de me entregar a um universo paralelo, tento viver esse tempo
como parte da minha vida. Questão de postura, de consciência, já que o
tempo não é recuperado... E se volta de alguma maneira volta com filtros
em um novo tempo, volta como criação.
observaram a nossa reação ante as obras que se prolongam no tempo, que tem o tempo como matéria prima. A dança, o teatro, o cinema para ficar nos
mais clássicos, ou pensando nas video-instalações, nas performances, nos videos de museu ou em propostas mais "arriscadas". Cada uma dessas formas de expressão trabalha o tempo a sua maneira, seja ela ritual ou acidental, mas tem em comum que exigem de quem se dispõe a experimentá-las um pouco de tempo. Estamos dispostos a entregar nosso tempo? A participar da experiência? Ou esperamos ser tomados por algo que nos transporte para outra dimensão onde nos esquecemos do tempo e pouco depois esquecemos o que acabamos de presenciar? Ao entregar nosso tempo sem preconceitos estamos experimentando finalmente a obra de forma ativa. Ser ativo não quer dizer desvendar ou analisar a exaustão uma obra, mas sim se dispor a estar presente no transcurso da obra, vivendo esse tempo como um acontecimento da vida. A experiência transcende o tema e a forma, as vezes não se nota, mas fica sempre latente.
Gosto de pensar o cinema por exemplo como parte da minha vida, ao
contrario de me entregar a um universo paralelo, tento viver esse tempo
como parte da minha vida. Questão de postura, de consciência, já que o
tempo não é recuperado... E se volta de alguma maneira volta com filtros
em um novo tempo, volta como criação.
Deixo uns link de alguns videos no youtube se se sentem dispostos a dedicar um pouco de tempo talvez sejam de interesse:
Stan Brakhage _ Water for Maya (2003)
Walter Ruttman _ Opus I (1921)
Stan Brakhage _ Dog Star Man - Prelude (1961)
Oi Pedro,
ResponderExcluirO 3º filme (Dog Star Man)parece a "visão" de um nenêm no útero.Bom...pelo menos é assim que eu imagino!
adorei o texto, muito bem escrito!
ResponderExcluira provocação sobre o tempo é de extrema importância.
parabéns pedrinho pelo primeiro post!
continuarei acompanhando.
Penso que uma obra de arte verdadeira nos remete a uma dimensão atemporal.
ResponderExcluirEntão... Eu também acho que a verdadeira obra de arte transcende o tempo. E é por esse lado que eu penso o tempo e a experiência. A arte pode fazer o tempo parar de verdade, inclusive o tempo físico/real. Mas tem que haver comunhão entre o espectador e a obra - é aí que mora verdadeira arte. Quando se confundem e se fundem. E assim essa experiência transcendental também é tempo recobrado, talvez é a consciência do impossível. São os verdadeiros momentos de liberdade.
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