Foto: de autoria desconhecida |
Imagina só se em Botucatu... (por Pôla Pazzanese)
...a Rua Amando de Barros, a mais movimentada da cidade, pudesse ficar sem carros, com as
pessoas a andar sossegadas em calçadas largas e com uns bondes modernos
passando pelo meio da rua e parando em abrigos bonitos. E as fachadas dos
muitos casarões ainda originais sem os letreiros em cima, bonitas como
antigamente (e as outras lojas com tratamento tão digno quanto). Imagine que
quem veio longe de carro tem estacionamentos perto, digamos a cada 5 quadras, e
os bondes da Amando indo de ponta a ponta, com cada uma delas ligada ao resto
da cidade por ônibus frequentes. Como se faz, por exemplo, em muitas cidades europeias.
Ou as margens dos rios, uns
10 km deles que passam dentro da cidade, arrumadas, com passeios para
gente, bicicletas, cheias de equipamentos de ginástica e lazer, com os quintais
das casas abertos para esse jardim lindo, várias delas com comércios
aproveitando o movimento. Imagine que essas margens, suas árvores, nascentes
etc., são ligadas por ruas arborizadas aos bairros em volta. E onde dá até para
pescar, de tão limpos e cuidados os rios. Como se faz, por exemplo, em Kyoto e várias
cidades do Japão.
Ou também que uma das mais originais características de
Botucatu, sua Educação e Cultura,
tornou-se base importante de seu desenvolvimento econômico, abrigando gente do
Brasil e do mundo para estudar em seus campi, centros de pesquisa, seus museus,
e até sua natureza. Quase como, por exemplo, Heidelberg, na Alemanha, que tem a
mesma população que Botucatu e uma paisagem tão legal quanto.
Imagine então que a cidade prefira crescer para dentro (qualidade de vida), em vez de para fora (quantidade
de problemas), preferindo melhorar todos os seus bairros com mais transporte
público, serviços, comercio, educação, cultura, comida, vegetação. E tem a
inteligência de crescer concentrada e bem distribuída, sem cometer o erro de
Sampa, colando os prédios altos uns nos outros (aqui já tem essa inteligência
de poucos prédios altos por cada quadra), ou Bauru e Campinas, que espalharam
sua periferia pela região com loteamentos/condomínios cada vez mais longe de
tudo.
E que Botucatu, com as suas freguesias rurais, adequadas com o que há de mais moderno
ambientalmente (e com internet, ainda), cria em torno de si um colar de bairros rur-urbanos (que juntam o melhor
do rural com o melhor do urbano), completos para se viver, trabalhar, estudar,
passear etc., em vez de bairros-dormitório,
onde todo mundo tem que sair deles de manhã, só voltando de tarde ou de noite. E
ainda tem que sair deles para se divertir e encontrar gente nos fins de semana.
Imagine ainda que Botucatu sabe reconhecer tão bem seu lugar, com sua natureza plena de
águas, plantas, pedras e comida, que aprende a investir na sua apropriação econômica, se estabelecendo
como um centro de referencia de pesquisa e desenvolvimento para sua preservação
e da integração dos frutos desse conhecimento da natureza em seu
desenvolvimento, virando o lugar da
economia baseada em fontes renováveis, na comida orgânica, na pesquisa em
ecologia, na tecnologia ambientalmente adequada. Meio como em Boulder, no
Colorado, EUA, que tem o dobro de gente que Botucatu, preza sua Universidade tal e
qual, e cuida com carinho do seu meio-ambiente desde os anos 1960.
E tudo isso só melhorando o que a cidade e seu território já tem de bom.
Isso parece ainda muito difícil e distante? A seguir vamos
ver que não é tão difícil e distante como parece e como o Plano Diretor de
Botucatu, se melhor discutido, pode nos levar muito mais perto disso tudo pensado
acima.
(Gostou? Leia mais sobre esse assunto clicando Aqui)
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Pura poesia, já me transportei para esta nova Botucatu !!! Obrigada.
ResponderExcluirUtopia?
ResponderExcluirO sonho antevisto é belo e pode tornar-se realidade se lutarmos para que não prevaleça a miopia redutora dos maus administradores. Fernando Pessoa já dizia:
“Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.”
Valeu, Pôla!
ResponderExcluirolás,
ResponderExcluirvaleu o retorno, mostrem para os amigos porque essas postagens explicam coisas que todo mundo percebe mas não conhece como funcionam.
quanto mais gente entender esse processo, mais gente pode participar e mais chances temos de ter um plano diretor melhor pra todo mundo.
pôla.