21 de junho de 2015

Revisão do Plano Diretor de Botucatu. 1-Entrando no assunto.

Este é o primeiro de alguns posts que estaremos publicando com o intuito de fomentar a reflexão sobre a atual revisão do Plano Diretor de Botucatu. Sejam bem vindos e pensem junto conosco!

Foto: de autoria desconhecida
Imagina só se em Botucatu... (por Pôla Pazzanese)                                                                                                          
...a Rua Amando de Barros, a mais movimentada da cidade, pudesse ficar sem carros, com as pessoas a andar sossegadas em calçadas largas e com uns bondes modernos passando pelo meio da rua e parando em abrigos bonitos. E as fachadas dos muitos casarões ainda originais sem os letreiros em cima, bonitas como antigamente (e as outras lojas com tratamento tão digno quanto). Imagine que quem veio longe de carro tem estacionamentos perto, digamos a cada 5 quadras, e os bondes da Amando indo de ponta a ponta, com cada uma delas ligada ao resto da cidade por ônibus frequentes. Como se faz, por exemplo, em muitas cidades europeias.
Ou as margens dos rios, uns 10 km deles que passam dentro da cidade, arrumadas, com passeios para gente, bicicletas, cheias de equipamentos de ginástica e lazer, com os quintais das casas abertos para esse jardim lindo, várias delas com comércios aproveitando o movimento. Imagine que essas margens, suas árvores, nascentes etc., são ligadas por ruas arborizadas aos bairros em volta. E onde dá até para pescar, de tão limpos e cuidados os rios. Como se faz, por exemplo, em Kyoto e várias cidades do Japão.
Ou também que uma das mais originais características de Botucatu, sua Educação e Cultura, tornou-se base importante de seu desenvolvimento econômico, abrigando gente do Brasil e do mundo para estudar em seus campi, centros de pesquisa, seus museus, e até sua natureza. Quase como, por exemplo, Heidelberg, na Alemanha, que tem a mesma população que Botucatu e uma paisagem tão legal quanto.
Imagine então que a cidade prefira crescer para dentro (qualidade de vida), em vez de para fora (quantidade de problemas), preferindo melhorar todos os seus bairros com mais transporte público, serviços, comercio, educação, cultura, comida, vegetação. E tem a inteligência de crescer concentrada e bem distribuída, sem cometer o erro de Sampa, colando os prédios altos uns nos outros (aqui já tem essa inteligência de poucos prédios altos por cada quadra), ou Bauru e Campinas, que espalharam sua periferia pela região com loteamentos/condomínios cada vez mais longe de tudo.
E que Botucatu, com as suas freguesias rurais, adequadas com o que há de mais moderno ambientalmente (e com internet, ainda), cria em torno de si um colar de bairros rur-urbanos (que juntam o melhor do rural com o melhor do urbano), completos para se viver, trabalhar, estudar, passear etc., em vez de bairros-dormitório, onde todo mundo tem que sair deles de manhã, só voltando de tarde ou de noite. E ainda tem que sair deles para se divertir e encontrar gente nos fins de semana.
Imagine ainda que Botucatu sabe reconhecer tão bem seu lugar, com sua natureza plena de águas, plantas, pedras e comida, que aprende a investir na sua apropriação econômica, se estabelecendo como um centro de referencia de pesquisa e desenvolvimento para sua preservação e da integração dos frutos desse conhecimento da natureza em seu desenvolvimento, virando o lugar da economia baseada em fontes renováveis, na comida orgânica, na pesquisa em ecologia, na tecnologia ambientalmente adequada. Meio como em Boulder, no Colorado, EUA, que tem o dobro de gente que Botucatu, preza sua Universidade tal e qual, e cuida com carinho do seu meio-ambiente desde os anos 1960.
E tudo isso só melhorando o que a cidade e seu território já tem de bom.

Isso parece ainda muito difícil e distante? A seguir vamos ver que não é tão difícil e distante como parece e como o Plano Diretor de Botucatu, se melhor discutido, pode nos levar muito mais perto disso tudo pensado acima.

(Gostou? Leia mais sobre esse assunto clicando Aqui)

Pôla Pazzanese, arquiteto urbanista (1981), escritório próprio (1980), arquiteto EDIF-SSO-PMSP (1982/84), professor da disciplina ´projeto arquitetonico´ (1991), um dos fundadores, 1º coordenador pedagógico, professor das disciplinas ´infraestrutura urbana e predial´ e orientador ´TFG´ da faculdade de arquitetura ´escola da cidade´(1996/2008), projetos de arquitetura de interiores, edificações e desenho urbano, nas áreas de habitação, educação, serviços, comércio e patrimonio histórico.

4 comentários:

  1. Pura poesia, já me transportei para esta nova Botucatu !!! Obrigada.

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  2. Utopia?
    O sonho antevisto é belo e pode tornar-se realidade se lutarmos para que não prevaleça a miopia redutora dos maus administradores. Fernando Pessoa já dizia:
    “Tudo vale a pena
    Se a alma não é pequena.”

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  3. olás,
    valeu o retorno, mostrem para os amigos porque essas postagens explicam coisas que todo mundo percebe mas não conhece como funcionam.
    quanto mais gente entender esse processo, mais gente pode participar e mais chances temos de ter um plano diretor melhor pra todo mundo.
    pôla.

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