Artista: Gildásio Jardim |
“Semear a liberdade, auto-gerir, assumir a responsabilidade individual, desconstruir paradigmas e arregaçar as mangas para construir um todo que acolha, respeite e aprenda com a diversidade. Respeitar a liberdade de cada um. Re-significar o olhar acerca de como as coisas podem ser nesse mundo, perceber nossos padrões, escolher e re-existir.”
Rede
de grupos de Agroecologia do Brasil/REGA – Carta do VI ENGA
Para fazer contraponto a lógica do agronegócio, baseada
na produção em monoculturas, dependência de insumos químicos,
alta mecanização, além da concentração da
propriedade de terras produtivas e da exploração do trabalhador rural,
sempre existiram movimentos que levantaram as bandeiras das ditas 'agricultura
alternativas', consolidando com o tempo o movimento agroecológico. Apoiada em princípios e valores que honrem os direitos humanos e ambientais, a agroecologia visa a superação dos atuais paradigmas da produção agrícola, das relações econômicas, das relações de trabalho e das relações do homem para com a natureza e para com ele mesmo, propondo novos meios de se relacionar, produzir, comercializar e educar.
Na abordagem agroecológica a Terra é considerada um
grande ser vivo, assim como o solo, e possui resiliência própria promovendo sua
homeostase ou auto-regulação. Portanto a agricultura praticada bem como, toda a
cadeia produtiva e de distribuição, devem estar de acordo com a saúde do solo,
das plantas, dos animais e dos humanos, de forma equilibrada aos ecossistemas
naturais. Daí a interface entre a Ecologia e a Agronomia, como áreas do
conhecimento, num diálogo equilibrado entre as interações ecológicas e a
demanda agrícola da sociedade. Surge então a agroecologia como uma nova área do
conhecimento, uma nova ciência com muitos potenciais e desafios.
A agroecologia é considerada uma ciência holística e que
estaria apoiada em seis pilares, sendo o político, econômico, social,
ambiental/ecológico, ético e cultural. Considera-se uma atividade
agroecológica, aquela que consegue enxergar estes pilares como um todo –
conferindo a visão holística e o caráter transdisciplinar desta ciência.
Num país com graves sequelas de uma colonização
escravagista e latifundiária, há de se ter bem clara a história da agricultura
e das relações sociais para se enxergar no todo e construir a agroecologia.
Desta forma, à luz da evolução histórica da agricultura e
das políticas agrícola e agrária, busca-se contrapor as lógicas da competição,
concentração, centralização e da hierarquia – inerentes ao capitalismo e seu
livre mercado – de maneira a promover a emancipação e a autonomia dos seres
humanos, de qualquer forma de dominação e opressão, estabelecendo cadeias
produtivas solidárias que estejam sob controle da agricultura familiar/camponesa
e suas organizações.
Dá-se ênfase ao fortalecimento da agricultura familiar
como estratégia para o desenvolvimento rural, baseada na soberania alimentar e
na união de saberes e práticas ancestrais com os conhecimentos e métodos da
ciência - sem renegar a tecnologia.
O desafio está dado, é preciso pôr as mãos na terra e se abrir para a vontade do mundo.
Marcelo Gomes
Artista: Gildásio Jardim |
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