22 de abril de 2011

Sexta-Feira da Paixão, Portinari e Grünewald


http://www.flickr.com/photos/24364447@N05/2440907952/


Às vésperas de morrer, em novembro de 1961, Portinari manifesta
vontade de ir a Colmar, na Alsácia, para ver o altar do convento
de Isenheim, de Mathias Grünewald. Encontrou o local fechado,
pois estava em restauração. Decepcionado, Portinari fica longo
tempo tentando ver o quadro por entre as frestas das portas e
pelo buraco da fechadura.e escreve a poesia Grünewald:

Morto mas ainda
caminhando, quis te
ver. Não importa
se fecharam a entrada
Não quiseram que te visse,
maus ventos sopraram.
Vi-te do buraco da luz
Vi-te na asa do sol
Vi-te no espaço como uma
asa. Vi-te brincando com
as crianças
Vi o circo ao teu redor…
Senti aqueles mesmos ventos
dos subterrâneos que penetraste.
Senti-os sob meus pés:
povoados de assombrações
querem escapulir da sombra.
No dia de lua nova te
levei a poeira vermelha do
meu povoado, era só o que eu tinha.

2 comentários:

  1. Oi Ralf!
    Adorei esse "só-a-consciência-no-ato-salva!"
    A isso que eu chamo de "presença-de-espírito" para escolher um nome! rsrsrs
    Bjos

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